Anotações / resumo livro A Dança de Klauss Vianna

     

O livro "A Dança" está dividido em duas partes, sendo a primeira de cunho autobiográfico e a segunda um resultado concreto da primeira parte, que leva o título de "A técnica", parte a qual esse resumo se restringe. Tratando-se de corpo, mas não somente disso, o espaço existente entre as oposições gera conflitos, notando-se aí a importância do espaço intermediário. O espaço gerado por um movimento tem mais importância que o movimento em si: nesse intervalo estão emoções e projeções. Duas forças oponentes ocasionam o conflito, que gera movimento. A oposição gera espaço entre os ossos, chegando até as articulações e assim às projeções internas, obrigando a expansão para uma projeção exterior. Entretanto, nosso equilíbrio concentra-se em pontos errados: ombros, língua, mão, coluna - quase nunca nos pés. Com os pés bem colocados, sentindo o chão, ocorre a distribuição de energia pelas partes do corpo, favorecendo o equilíbrio interno e o externo, desde que preservado o espaço corporal. O corpo humano ainda não foi totalmente explorado em suas potencialidades, mas já se sabe da energia vital, um intenso fluxo energético que passa por todo o corpo.  Por meio dessa energia relacionamo-nos com o mundo e conosco, ela cresce de acordo com a consciência do trabalho corporal desenvolvido, com a atenção a cada gesto ou deslocamento. A simples observação interfere na maneira de andar pois tudo que é observado sofre mudança: o caminhar, posicionamento de quadris e joelhos, relação tronco x perna e tronco x cabeça. É a percepção clareando a relação de equilíbrio que mantemos com o solo, espaço, gravidade e com nosso corpo. Daí a possibilidade de sensibilização das partes mortas e a liberação das articulações, princípio básico do trabalho de Klauss Vianna, que também engloba decomposição e reprodução lenta de movimentos, percepção das passagens entre articulações e de um apoio para outro e a atenção na ação dos músculos. A todo instante sofremos condicionamentos sociais e culturais, fazendo com que assimilemos posturas diferentes de nosso modo de ser. Mas se a postura corresponde a uma forma de agir e pensar, como se dá o desenvolvimento de ações e ideias próprias? Por isso a importância de um trabalho corporal que apresente como base nossas referências íntimas e interiores. Observando nosso corpo, vemos diferenças quanto à flexibilidade, percepção e sensibilidade; umas regiões são mais tensas e outras apresentam a pele mais macia; percebemos também limitações quanto à estrutura, peso, relação com o espaço, condicionamentos decorrentes de bloqueios, acumulação de tensões ao longo de uma vida. Nas aulas de Klauss Vianna os alunos têm a possibilidade de recuperar e perceber a totalidade e a ligação das partes do corpo; há a descoberta de musculaturas mais profundas, a identificação de ossos e espaços interiores; revelando a possibilidade de exteriorizar com riqueza a expressividade. Os alunos aprendem sobre o tônus e sua importância; aumentando a consciência corporal, vêem que a respiração é um processo de troca com o mundo. Descobrem que cada um de nós possui um centro de força - ponto de tensão - e quando o aluno o encontra, alcança conscientização física, muscular e óssea. A adaptação aos mais diversos estímulos e necessidades, a orientação por diferentes emoções e a percepção consciente dessas sensações, representam um corpo inteligente para Klauss Vianna que trabalha com o intuito de dar espaço para a manifestação do corpo. Diz que "Não é possível negligenciar ou esquecer tais coisas nem fazer que o corpo permaneça mudo e não transmita nada: as informações que ele dá são incontroláveis. Temos é que conhecer esses processos internos poderosos e dar espaço para que eles se manifestem, criando assim a coreografia, a dança de cada um."