quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Resumo do livro: Introdução à Filosofia da Arte - Benedito Nunes

    Preocupando-se em conhecer os elementos constitutivos das coisas, os primeiros filósofos gregos investigaram a Natureza. Os sofistas debateram o Bem, a Virtude, o Belo, a Lei e a Justiça e obtiveram o mérito de introduzir no estudo da sociedade e da cultura o ponto de vista reflexivo-crítico, característica da filosofia. Mas só através de Sócrates os debates voltaram-se para a arte. Platão fez um confronto entre Arte e Realidade e concluiu que Pintura e Escultura estão abaixo da verdadeira Beleza, mas que Poesia e Música influenciam nos estados de ânimo do homem. A essência das obras pictóricas e escultóricas, a comparação com a realidade e a relação com a Beleza, os efeitos morais e psicológicos da Música e da Poesia – são problemas levantados acerca da Arte por Platão. Aristóteles desenvolveu ideias relativas à origem da Poesia, que representam a primeira teoria explícita da Arte. Os Doutores da Igreja não reconheceram na vocação da arte o Belo – que, essencialmente, pertence a Deus para os filósofos medievais. Foi no Renascimento que se deu a união teórica do Belo com a Arte. A reflexão filosófica em torno da Arte a concebeu como atividade humana que produz, artificialmente, os múltiplos aspectos de uma só beleza universal. O Belo manifesta-se pela visão e audição, ocasionando o deleite do espírito, pois o Belo é espiritual mas sua reprodução depende da sensibilidade que dominada e relacionada com a percepção, os sentimentos e a imaginação inspirou a Estética, dividida em teórica e prática. Subjetivo e objetivo aparecem como aspectos da experiência estética. Coube à Fenomenologia o papel de introduzir na Estética o critério de que devemos recorrer à intuição dos fenômenos que se nos apresentam na experiência estética. A Arte excede os limites das avaliações estéticas já que é um modo de ação produtiva do homem, um fenômeno social e parte da cultura. Está relacionada com a totalidade da existência humana, tem conexões com sua história e converge-se em valores religiosos, éticos, sociais, morais e políticos.  No Renascimento artistas como da Vinci reivindicam que Pintura, Escultura e Arquitetura sejam consideradas atividades intelectuais e não mecânicas. Uma obra será artística se nos impressiona como se fosse um produto da Natureza e para Kant, dentro da classificação das Belas-Artes - Pintura, Escultura, Poesia, a Música está em último lugar por lhe faltar a capacidade para figurar ideias, mas nos impulsos apolíneo e dionisíaco, a música provocava efusão emocional. Worringer admite que haja dois impulsos artísticos: o de projeção – tendência dos sentimentos para se projetarem nos objetos; e o de abstração – que tende a suprimir o aspecto orgânico e vital. A Arte encarna o espírito na matéria e isto é o que constitui o Ideal, a Ideia ou a Beleza manifestada na Arte. Para Leibniz a expressão é o ato que consiste em relacionar certos dados atuais ou presentes a objetos ocultos ou distantes e para Darwin a linguagem verbal – a palavra – é um produto convencional do pensamento para expressar emoções; mas a expressão artística pode revelar-nos possibilidades latentes do seres humanos e dar-nos uma visão mais íntegra da realidade, como diz Jean-Paul Sartre. O artista responde ativamente às solicitações de seu meio. As diferentes artes são meios que o Espírito adota para vencer a matéria e garantir a plena realização de suas possibilidades e por isso a arte se reveste para nós – homens que perdemos o contato com o sagrado, de uma importância espiritual que concorre com a função da ciência, até chegar ao humanismo de Mondrian: “já não teremos necessidade de pintura e de escultura, porque viveremos na arte realizada”. O artista contemporâneo não se contenta apenas em ser o agente da aparência estética que se sobrepõe à realidade. Quer, também, criar uma nova realidade, transformar o possível em real.

Um comentário:

  1. Muito bom. Abstrai-se do texto conceitos relevantes para a arte como fruto do exercício espiritual do ser humano que é imbricado de percepções transcendentais na praticidade do cotidiano.

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